Sumários

Cosmologias afro-brasileiras, cultura nacional e intolerância religiosa no Brasil contemporâneo

11 Abril 2025, 14:30 Maria Clara Ferreira de Almeida Saraiva

Palestrante convidado: Vagner Gonçalves da Silva- USP


A apresentação teve por objetivo interpretar os modos pelos quais as cosmologias afro-brasileiras produzidas pelos terreiros dialogam com outras esferas da cultura nacional (como a música popular, capoeira, festas, literatura, cinema etc.) gerando bens simbólicos de origem negra, ao mesmo tempo valorizados e patrimonializados como símbolos nacionais de identidade e atacados por outros segmentos fundamentalistas geralmente associados ao crescimento dos movimentos conservadores e autoritários no âmbito cultural, religioso e político no Brasil contemporâneo.




De Montevidéu para o mundo: a circulação internacional das políticas uruguaias de saúde infantil, 1890-1940

21 Março 2025, 14:30 Maria Clara Ferreira de Almeida Saraiva

Palestrante convidado: Anne-Emanuelle Birn, University of Toronto

Contestando a origem metropolitana das políticas de saúde infantil, esta apresentação explora a genealogia e as mobilidades das abordagens uruguaias à saúde e ao bem-estar da criança, dando atenção especial ao Instituto Internacional Americano para a Proteção da Infância (fundado em 1927), sediado em Montevidéu, na definição de uma agenda global de saúde infantil durante o período entre guerras. Surgido de uma confluência de interesses e preocupações - incluindo os Congressos Pan-Americanos da Criança, iniciados por feministas e reformadores latino-americanos, e as próprias lutas do Uruguai contra a estagnação da taxa de mortalidade infantil - o Instituto se tornou um centro de análise, uma biblioteca de intercâmbio e uma incubadora de políticas pioneiras para abordagens baseadas em direitos para o bem-estar da criança. Com o apoio parcial da Organização de Saúde da Liga das Nações, a revista multilíngue de grande circulação e os congressos do Instituto enfatizaram as abordagens sociais do bem-estar infantil, compartilhando problemas e inovações nacionais nas Américas e em outros países. Com a aprovação de seu Código de Direitos da Criança de 1934, o governo uruguaio reconheceu inequivocamente a necessidade de integrar abordagens médicas e sociais para a melhoria da saúde infantil por meio do direito à moradia, saneamento, educação, renda familiar, alimentação e assistência médica, mas também por meio da tutela repressiva do Estado sobre os “delinquentes”. Nos anos seguintes, e com a ajuda de políticas redistributivas estimuladas pelo Código da Criança, os indicadores de saúde infantil do Uruguai finalmente melhoraram. Esse desafio transformou o Uruguai em um modelo de política internacional, estudado, debatido, adaptado e imitado na Europa e nas Américas até a Segunda Guerra Mundial. Embora a abordagem uruguaia dos direitos da criança e do seu Instituto para a Proteção da Infância tenham sido eclipsados pelo UNICEF em meio às tensões da Guerra Fria no final da década de 1940 e início da década de 1950, sua ressonância internacional oferece um contraponto instrutivo às narrativas dominantes de como a saúde infantil se tornou uma preocupação global.

 




Mystical Natures: Preliminary findings on interconnected religious and environmental transformations in Kenya and Mongolia

21 Fevereiro 2025, 14:30 Maria Clara Ferreira de Almeida Saraiva

Palestrantes convidados: Joana Roque Pinho e Troy Sternberg CEI-ISCTE-IUL


Arid and semi-arid areas, which cover about 41% of the world and sustain two billion people, are uniquely challenged under global environmental change. Shifts in land management, land tenure and land use, political instability, and climate change challenge dryland populations who are often mobile and rely on livestock. In parallel, some of these areas are undergoing rapid religious transformations, with conversion to global religions, spiritual revitalization, and radicalization, which occur alongside cultural change, economic diversification, and growing political marginalization. The Mystical Natures project explores relationships between religious transformations and environmental changes in dryland areas of Inner Asia and Africa. Focusing on Kenyan and Mongolian pastoral communities, it addresses how Pentecostalism intersects with climate change and processes of land use change and land privatization among Kenyan Maasai pastoralists; and how Buddhism and shamanism in post-socialist Mongolia shape responses to climatic extreme events and mining, and informal privatization of pastures. The project advances the scholarship on global environmental change by addressing the neglected dimensions of spirituality, religion and religious transformation.